Imaculado Coração de Maria Imaculado Coração de Maria | Shutterstock

“Trata-se de um apelo do Céu, que permanece tão atual quanto urgente”, disse o geógrafo Leonardo Guedes Santana, 34 anos, de Muriaé (MG), sobre a devoção dos cinco primeiros sábados em reparação ao Imaculado Coração de Maria. Esta devoção nasceu de um pedido da própria Virgem Maria e de Jesus à irmã Lúcia de Jesus, uma das videntes de Fátima.

Depois das aparições de Nossa Senhora aos três pastorinhos, Lúcia, Jacinta e Francisco, em Fátima, em 1917, os dois últimos morreram e Lúcia ficou como a única guardiã e principal divulgadora da mensagem de Fátima. Ela se tornou religiosa e viveu por alguns anos no convento das Irmãs Doroteias, em Pontevedra, Espanha. Mais tarde, foi para o Carmelo de Coimbra, Portugal, onde morreu aos 97 anos, em 2005.

Foi no convento de Pontevedra que Nossa Senhora apareceu novamente a Lúcia, junto com seu filho Jesus, em 10 de dezembro de 1925. Na ocasião, a Virgem e o Menino Jesus lhe pediram para estender a devoção dos cinco primeiros sábados do mês em reparação ao Imaculado Coração de Maria.

 

Segundo relato retirado das Memórias de Irmã Lúcia, a Virgem Maria apareceu e, ao seu lado, “suspenso em uma nuvem luminosa, um Menino”. Maria colocou a mão no ombro de Lúcia e lhe mostrou “um coração que tinha na outra mão, cercado de espinhos”.

“Ao memo tempo, disse o Menino: tem pena do Coração da tua SS. Mãe que está coberto de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Lhe cravam sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar”.

E a Virgem Maria lhe disse, em seguida: “Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que todos aqueles que durante cinco meses, ao primeiro sábado, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem o Terço e me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas”.

Segundo o relato de irmã Lúcia, o Menino Jesus lhe apareceu de novo em 15 de fevereiro de 1926. Lúcia lhe falou sobre “a dificuldade que tinham algumas almas em se confessar ao sábado e pediu para ser válida a confissão de 8 dias”. Jesus respondeu que sim. “Pode ser de muitos mais ainda, contanto que, quando Me receberem, estejam em graça e que tenham a intenção de desagravar o Imaculado Coração de Maria”.

“Lúcia, então, perguntou: Meu Jesus, as que se esquecerem de formar essa intenção? E Jesus respondeu: Podem formá-la na outra confissão seguinte, aproveitando a 1ª ocasião que tiverem de se confessar”.

Leonardo Guedes Santana conheceu esta devoção em 2023 com padres e religiosos da Capelania Hospitalar de Muriaé, que deram início naquele ano à prática pública dessa devoção. “Ao aprofundar-me nas mensagens de Fátima, percebi que este é um pedido amoroso de Nossa Senhora, infelizmente ainda pouco conhecido e divulgado, apesar de ser um apelo extremamente urgente para os nossos tempos”, disse à ACI Digital.

A mesma impressão teve a funcionária pública aposentada Rosane Bidart, 70 anos, de São Paulo (SP). Depois de décadas “de afastamento religioso”, ela retornou à Igreja Católica e se tornou “uma fiel praticante nos últimos 15 anos”. “À medida que lia a biografia de muitos santos e sobre as aparições de Nossa Senhora, ia tomando conhecimento das mais variadas devoções católicas e me perguntava: como alguém pode ter conhecimento destas informações e não as usar ou repassá-las, tendo em vista as grandes promessas que encerram?”, contou.

O médico Felipe Romério, 26 anos, de Brasília (DF), pratica a devoção dos cinco primeiros sábados há seis anos. Além da promessa de Nossa Senhora de “rogar pela salvação do pecador na hora da morte”, ele destacou a “importância dessa devoção também pela questão de reparar as blasfêmias”. “Porque o centro dela é, em cada sábado, reparar uma blasfêmia que mais ofende o coração imaculado de Maria, que Ela apresentou à Irmã Lúcia”, disse, ressaltando que “cada vez mais nós vemos um mundo em que as blasfêmias têm aumentado, e é como nosso dever de cristão repará-las”.

 

Em 1930, Jesus explicou a Lúcia que a devoção é de cinco sábados porque são cinco as principais ofensas ao Imaculado Coração de Maria. A primeira é contra a sua imaculada conceição; a segunda é contra a sua virgindade perpétua; a terceira é contra a sua maternidade divina, recusando reconhecê-la como Mãe de todos os homens; em quarto lugar, as ofensas de quem ensina crianças a desprezarem e terem ódio da Virgem; e, em quinto lugar, aos que a insultam diretamente em suas sagradas imagens.

 

“Viver essa devoção é, acima de tudo, consolar o Coração da Santíssima Virgem, colaborar na obra da salvação das almas e suplicar pela paz no mundo”, disse o geógrafo Leonardo Guedes. “Trata-se de um caminho profundamente espiritual, reparador e santificador”, acrescentou.

Segundo ele, a prática da devoção dos cinco primeiros sábados “trouxe inúmeras graças” à sua “vida espiritual”. “Essa devoção me leva, constantemente, a buscar os sacramentos, especialmente a confissão frequente, a aprofundar meu amor pela Santíssima Eucaristia, a viver a Santa Missa com maior zelo e a cultivar uma vida de oração, sobretudo pela recitação diária do Santo Rosário”, disse.

Para a funcionária pública aposentada Rosane Bidart, “as verdadeiras devoções, aquelas enviadas do Céu, produzem frutos eternos como tudo o que envolve a Divindade do Senhor”. “Assim, sedimentam a fé, tornam vivas as presenças de Deus e de Nossa Mãe em nossas vidas, nos dão paz nos momentos difíceis, nos consolam diante do irreversível, nos dão resignação, fortaleza e paciência nos imprevistos da vida”, disse.

 

 

 

 


Por Natalia Zimbrão - 28 de jun de 2025 às 02:00