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 Leandro Ruschel

Sep 22

A esquerda transformou o aborto num tema central da sua agenda por motivos que pouca gente conhece. Não se trata de "saúde pública", ou mesmo da defesa dos "direitos femininos", ou da "liberação da mulher". O furo é muito mais embaixo. Está em jogo uma concepção de mundo.

De uma maneira geral, esquerdistas mantêm uma visão materialista, ou seja, não existiria qualquer dimensão transcendental da existência humana. Logo, ao homem caberia criar as suas próprias regras morais, e a forma de organização social, independente de qualquer noção de ordem superior divina.

Nesse sentido, a vida humana perde a sua sacralidade. Se uma pessoa nada mais é do que um amontoado de células, ao invés de ter sido criado à imagem de Deus, ela pode ser disposta em favor da longa marcha pela construção do paraíso na Terra que os comunistas prometem, num processo que Marx chamou de materialismo histórico: as relações sociais e a organização da sociedade vão evoluindo "cientificamente", em busca de maior produção econômica e "mais justa" distribuição da riqueza.

É uma lógica que inverte a pirâmide de Maslow, em que a garantia das necessidades físicas mais básicas é o máximo que o ser humano pode alcançar, enquanto a busca por significado transcendente da existência é tratada como mera superstição arcaica, e o único sentido possível para a vida estaria no alcance das melhores condições materiais, supostamente garantida ao máximo possível de pessoas.

Obviamente, essa é a narrativa para atrair os incautos. Tudo não passa de uma desculpa para o verdadeiro objetivo: concentrar poder nas mãos daqueles que estão à frente do projeto, enquanto a massa é literalmente esmagada, seja pela opressão sistemática, numa vida sem nenhuma liberdade, seja pela eliminação física. Além do mais, a busca pela implementação desse projeto gerou miséria, e não a abundância prometida. Afinal, não foi exatamente esse o resultado do projeto comunista ao longo da história?

Não se engane. Quando um comunista defende o aborto, ele está deixando muito claro que NINGUÉM tem o direito natural à vida, que fica abaixo do que realmente tem valor para ele: o projeto comunista. A sua vida só faria sentido em relação a tal projeto. Se você é um empecilho para sua implementação, será oprimido ou eliminado. A prova está na montanha de cadáveres produzida pelas revoluções comunistas, além do inferno vivido pelos sobreviventes desses regimes.

Ao promover o "direito" das mulheres de assassinarem os seus próprios filhos, no seu ventre, a esquerda consolida a degeneração humana, produzindo os efeitos desejados: a destruição dos valores morais, e por tabela a destruição da família. O objetivo transcendente de uma mulher não seria mais gerar a vida, criar, educar e formar um ser humano, no âmbito de uma família. É alcançar o máximo de prazer sexual, além de virar mais um agente de produção econômica.

Qual é o resultado disso? Maior "empoderamento" feminino e felicidade? Não é o que parece... Depressão e suicídio estão alcançando patamares jamais vistos. Pessoalmente, conheço pelo menos três casos de mulheres que resolveram comprar esse canto da sereia do "empoderamento", e agora, depois dos 40, tentam engravidar e construir uma família, sem sucesso, gerando grande aflição.

A verdade é que quando uma sociedade chega ao ponto de discutir, quanto mais aprovar, a possibilidade de matar o mais indefeso dos seres humanos, no ventre das suas mães, pelos mais torpes motivos, é porque as forças do mal já venceram. Se até isso é permitido, os valores morais básicos foram abandonados, e já vivemos no inferno.

No caso brasileiro, o método utilizado pela esquerda para implementar a medida é uma prova que houve além da degeneração moral, a destruição do próprio Estado de Direito.

A Constituição brasileira deixa muito claro que há uma divisão do poder entre três entes: o Executivo, o Judiciário e o Legislativo.

Nesse arranjo, a soberania popular, que é a base da ideia de democracia, deveria ser representada pelo Legislativo. Ao Judiciário, caberia apenas julgar pelas leis definidas pelos representantes do povo, que são os deputados e senadores.

Seguindo um processo gramsciano, a esquerda aparelhou o Judiciário, que passou a ser o Legislativo de fato, usurpando ilegalmente a prerrogativa dos representantes do povo, enfiando goela abaixo do povo toda a agenda socialista. Quem criticar é "inimigo da democracia" e deve ser censurado, perseguido e preso. Detalhe: todas as pesquisas, feitas por institutos esquerdistas, diga-se de passagem, mostram que a esmagadora maioria de brasileiros é contra a legalização indiscriminada do aborto.

Como afirmou Rui Barbosa, a ditadura do Judiciário é a pior que existe, pois não há a quem recorrer. Sua frase mais famosa cabe muito bem nos tenebrosos dias que vivemos:

"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto."